segunda-feira, 24 de outubro de 2011

E Cipriano encerra em 2011 seus trabalhos...




Estamos felizes com a finalização do processo. Em pouco menos de um mês nossa peça foi montada e com muito amor, carinho e esforço. Fazer teatro sem padrinhos, em Salvador, dói! Dói tanto, que às vezes vem à mente desistir. Mas não sabemos fazer outra coisa. Até tentamos outras profissões, mas o desempenho não é 100% satisfatório. E seguimos na insistência... Provocando vocês!
Para esse momento de finalização dos trabalhos em 2011, encerro com o pensamento de Mabelle Magalhães, que vive Solange, sobre o Cipriano.


"A pobreza é feia, inconveniente e chocante. Mas é real e desesperada com uma hemorragia, minando as forças de um país que parece fechar os olhos para aqueles sofrem toda a vulnerabilidade da pobreza. Resta a esses excluídos sobreviver como é possível. Dizem que no amor e na guerra vale tudo. Eu creio que na pobreza e na guerra vale tudo. Por que a pobreza é uma guerra sem fim, contra todas as mazelas de estar eternamente desprotegido. Bom, mas esses pensamentos são os meus e não os da minha sofrida personagem (Solange) que tem me dado enorme trabalho, pois é cheia de nuances e máscaras. Define-se por um alter ego chamado Solange do Tererê, a que faz “mizera”. Mas não passa de uma menina revoltada e traumatizada (sem ter o luxo de saber disso), a qual nunca alcançará qualquer coisa parecida com vingança ou reparação, pois seus algozes, tão vitimados e bestializados como ela, são: a senil e decrépita Maria, o bêbado enlouquecido João e um falecido, portanto, sem voz, Francisco. Os gritos enfurecidos de Solange são como o choro ignorado de Nininha (uma possível continuação da mãe). E como diz Maria à enfermiça neta, chorar, chorar com força, porque é só o que resta para esses personagens.”

Por Mabelle Magalhães

















Aos que desejarem, podem nos deixar críticas, elogios, sugestões. Todas serão lidas e respondidas com muita atenção. Até 2012, quando voltaremos a cartaz... Obrigado!

sábado, 1 de outubro de 2011

Descontaço para Cipriano

Galera, estamos lançado uma super promoção para vocês conferirem nosso espetáculo que estréia dia 08/10, no Espaço Cultural Raul Seixas.


Leve 4 AMIGOS

                      Ganhe seu ingresso GRÁTIS.


Promoção Válida para o Espaço Cultural Raul Seixas, na temporada de 08 a 23/10 de Outubro de 2011. (Sábados 20h e Domingo 19h)


Endereço: Espaço Cultural Raul Seixas, Sindicato dos Bancários, avenida sete de setembro - Mercês - Salvador/Ba. (ao lado da caixa econômica)
Contato: 8708-7701 / 3386-4818

Curta temporada!!!!!! Aproveitem...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Proposta final de Arte do espetáculo...

Acho que essa ficou melhor... Créditos totais para Márcio Liolly da Chapllin Produções Cinematográficas.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Proposta inicial de Arte do espetáculo

Breve, estréia CIPRIANO...

       A Cia. de Teatro Hedônicos completará três anos de existência e atuação artística na cidade do Salvador. Em celebração ao seu aniversário (28 de agosto), apresentaremos no mês de outubro, do ano corrente, o espetáculo CIPRIANO. Este espetáculo integrou o Minifestival de Dramaturgia Quatro Cravos para Exu, no Teatro Gamboa Nova em 2010, tendo boa repercussão pela crítica teatral local.
       O espetáculo trata de um huis-clos delirante em ritmo precipitado de tragédia grega, pulsando de morte a cada instante, num tempo suspendido pelos arquejos extenuados de Maria, pelo chorinho já moribundo do bebê, pela violência báquica de Solange e pela inquietante ambição alienada de João.
       Dentro dessa família desestruturada, percebe-se que as relações inescrupulosas ali estabelecidas têm conseqüências de atos anteriores, que vão ganhando corpo ao longo dos anos e são escancarados pelas personagens nos dias que se seguem. Seja pela falta de oportunidade de um futuro melhor, seja pelo instinto de perversidade.
       Representa o quadro da família pobre, sem instrução, marginalizada e desgraciosa que cada dia cresce em nossa cidade do Salvador. Família essa que quase sempre busca um alento, uma amparo nas forças divinas, sejam elas quais forem. Em Cipriano não é diferente, a qual a personagem João está obstinada com a idéia de enriquecer e acredita na conversão à fé protestante para atingir seus objetivos.






Em outubro...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Por que não Dramaturgia?

       Existe um aspecto crítico na forma como o senso comum concebe o lugar do teatro: prevalece a concepção do teatro como instituição inacessível, destinada apenas àqueles que possuem alto poder aquisitivo. Aliás, essa é uma herança desgraciosa, que contamina o teatro brasileiro desde o século XIX, quando as famílias se preparavam para ir ao teatro, sobretudo, para expor suas jóias, roupas vistosas e luxuosas. As peças duravam três para quatro horas, tinham intervalos longuíssimos, durante os quais o público comia, bebia, encontrava amigos, parentes, tratava de negócios etc. Era, de fato, um teatro excludente, que cobrava caro pelos ingressos e que oprimia pela ostentação de riquezas. Os menos abastados, com certeza, eram excluídos, e os que insistiam em ir assistir às peças ficavam, quase sempre, com os piores lugares, às vezes de pé.
          Tenho a impressão de que muita gente ainda pensa que teatro é luxo. Não! O teatro, hoje, é acessível, existem peças gratuitas, peças com preços baixíssimos, programas de inclusão nas comunidades e muitas outras iniciativas interessantes, na tentativa de aproximar a grande massa dos palcos.
          Ainda assim, tenho amigos e parentes que nunca pisaram os pés em um teatro. Durante minha formação na Escola de Teatro, acabo respirando profundamente os ares teatrais, com isso levei muitos amigos e parentes para assistirem pela primeira vez a uma peça de teatro (homens e mulheres de 20, 30, 40, 60 anos). O resultado disso é que eles adoram e prometem voltar mais vezes. Ainda assim, há os que se esquivam do convite, julgando não ter roupas adequadas, não saber se portar, não gostar...
          Acredito que essa resistência, além de ser cultural, como já defendi, dá-se também em função das tecnologias disponíveis da imagem. A teledramaturgia é uma realidade gritante, praticamente gratuita, e que passou a suprir grande parte da necessidade das massas de contato com a experiência dramática.
          Realmente, seria absurdo pensar numa prática disseminada da produção criativa pela escrita dramática nesses tempos em que uns não ouvem os outros, tempos em que o debate acerca do teatro fica restrito à academia de teatro. [1]
            Mas há que se ser transgressor, nesses tempos de escamoteamento do drama, e investir sempre mais nessa escrita dita careta, ultrapassada, antiga, remota, velha e tantos outros adjetivos que caracterizam, antes, o pensamento contemporâneo.
          A população comum, quando de fato aprecia uma peça teatral de qualidade, sai do teatro com algum ímpeto de autotransformação positiva, ainda que mínima, ainda que ao chegar a suas casas, tudo volte ao normal – e voltará – lá no íntimo, o teatro terá conseguido estabelecer algum tipo de relação com o cotidiano, e convidado a repensar questões da vida particular, ou mesmo problemas gerais do homem. Quero dizer com isso que o teatro tem esse poder de “abrir os olhos” do homem para o mundo que o cerca, potencializando uma leitura crítica de mundo, que o faz tornar-se mais autônomo nas suas relações com esse mesmo mundo. Ele se torna mais consciente, e assim sendo, atua de maneira mais política, intensa – ou pelo menos deveria.


[1] Entendo, de forma cada vez mais clara, que a terra brasileira já há algum tempo não é um bom terreno para a escrita em dramaturgia teatral. Num país em que o diminutivo “historinha” e que o aumentativo “teatrão” se transformam em insulto para a gente do palco, não pode haver chão firme para dramaturgos. (BARBOSA, 2010)

Por Tássio Ferreira