Teatro,
para os Hedônicos, é o descortinar de uma história, é discussão social, é um
debate dos problemas urgentes na contemporaneidade – nosso discurso político é
na cena, nosso partido é o palco. Sagrada Família é, com certeza, o maior passo
dado pelos Hedônicos em termos de encenação. A inspiração para a criação de
nosso trabalho vem cada vez mais desse quadro desgracioso da família
brasileira, podre, desestruturada, perversamente ressabiada, escancaradas e
exploradas por programas de TV sensacionalistas e demagógicos, sobretudo em
Salvador. Após algumas experimentações cênicas, percebo, cada vez mais
claramente, que a companhia está aproximando de sua estética peculiar: a
discussão da família brasileira e a questão da opressão religiosa. Me inspirei
na obra “Os Sinos”, do premiado dramaturgo Marcos Barbosa (vencedora do prêmio
Oficina do Autor no ano de 1997, em Fortaleza - CE), e através de discussões
com o grupo, escrevi o que hoje é presenciado no palco.
Neste
espetáculo foi possível investir mais na pesquisa que subsidia o nosso
trabalho: a musicalidade do ator, bem como a memória corporal na cena. Mais uma
vez lutamos para fazer teatro, habitando na marginalidade que é reservada aos
Hedônicos na querida província Mãe, tento por muitas vezes que conviver com a
dor de ter portas batidas em nossa cara, sobretudo por queridos companheiros de
profissão. Ano de Ogum... Muitas batalhas pela frente, que nossa “Sagrada Cena”,
fomente a discussão da “Profana Família” e nos motive a tomar partido e agir.
(Tássio
Ferreira é Dramaturgo e Diretor)