terça-feira, 23 de julho de 2013

O Profano e o Sagrado



Teatro, para os Hedônicos, é o descortinar de uma história, é discussão social, é um debate dos problemas urgentes na contemporaneidade – nosso discurso político é na cena, nosso partido é o palco. Sagrada Família é, com certeza, o maior passo dado pelos Hedônicos em termos de encenação. A inspiração para a criação de nosso trabalho vem cada vez mais desse quadro desgracioso da família brasileira, podre, desestruturada, perversamente ressabiada, escancaradas e exploradas por programas de TV sensacionalistas e demagógicos, sobretudo em Salvador. Após algumas experimentações cênicas, percebo, cada vez mais claramente, que a companhia está aproximando de sua estética peculiar: a discussão da família brasileira e a questão da opressão religiosa. Me inspirei na obra “Os Sinos”, do premiado dramaturgo Marcos Barbosa (vencedora do prêmio Oficina do Autor no ano de 1997, em Fortaleza - CE), e através de discussões com o grupo, escrevi o que hoje é presenciado no palco.

Neste espetáculo foi possível investir mais na pesquisa que subsidia o nosso trabalho: a musicalidade do ator, bem como a memória corporal na cena. Mais uma vez lutamos para fazer teatro, habitando na marginalidade que é reservada aos Hedônicos na querida província Mãe, tento por muitas vezes que conviver com a dor de ter portas batidas em nossa cara, sobretudo por queridos companheiros de profissão. Ano de Ogum... Muitas batalhas pela frente, que nossa “Sagrada Cena”, fomente a discussão da “Profana Família” e nos motive a tomar partido e agir.

(Tássio Ferreira é Dramaturgo e Diretor)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Tá saindo do forno... A PRODRIDÃO FAMILIAR!



RELEASE...

Morreu a pobre Ana... E agora o que fazer? De quem é a culpa? Assim é retratado o espetáculo “Sagrada Família”, que escancara o cotidiano de uma típica família, de baixa renda, que sofre com as mazelas da opressora conveniência e da necessidade de aparentar uma santidade incompatível com a condição humana. O sagrado laço da convivência familiar, o amor, é abruptamente cortado pela afiada faca do preconceito, do rancor, do desejo desmedido e da mentira. Através de canções originais, o público é envolvido emocionalmente na trama, tendo ele mesmo que remontar o quebra-cabeça dramático, descortinando as verdades das personagens a fim de compreender o suicídio cometido pela jovem Ana. A história é, por fim, arrematada pelas Carpideiras, criaturas mitológicas que vão praguejar, alertar as personagens, costurando o fio da vida e cortando o fio da morte.