2012... Após algum tempo sumidos, estamos voltando as atividades. Em crise, buscando novos diálogos, novos espaços de encenação, tentando não ser sucumbidos pela nossa cidade querida, que menospreza e tenta calar os marginalizados... Que cerceia a liberdade de expressão, que finge ser e acontecer, e faz com que a grande maioria creia nisso, num solfejo doutrinário! Seguiremos, mesmo sem ser ouvidos!
O investimento agora gira em torno da temática "A Família". O diálogo sobre a família desdobra dois pontos interessantes: a questão da violência e da manipulação. Acerca disso, já é possível perceber esse jogo violento e manipulatório em "Cipriano" - nossa última montagem. O meio influencia o homem, a pobreza puxa a pobreza e nem sempre o bem vence o mal. João é envolvido e se deixa envolver pelo álcool, pelo fanatismo religioso, através do qual busca uma fuga para a realidade perversa de sua casa. Maria, solfeja a morte, com a vã esperança que a mesma chegue o mais rápido possível e sane suas mágoas. Solange é o retrato irretocável na juventude brasileira: leviana, inconsequente, violentada e por que não dizer, vítima!
Na verdade tanto a
violência como a manipulação são comportamentos que facilmente encontramos nas
famílias brasileiras. E tantos exemplos são narrados todos os dias nos
programas de televisão, nos jornais e em outros meios de comunicação, todavia
com o sistema capitalista que furta o tempo do homem a cada dia que segue, este
não percebe esses jogos travados no cotidiano. A televisão banalizou tais
problemas sociais com os programas sensacionalistas, os quais não causam mais
impactos em nós quando assistimos as referidas notícias trágicas. A escola pública já não consegue dar conta de fornecer um amparo educacional e moral, sendo utilizada com "depósito de problemas sociais".
Mas o teatro tem uma magia peculiar que transforma o que muitas vezes é
banal em um grande tema de reflexão. Sinto-me contemplado nas palavras de
Mendes (2008), quando diz que o drama contemporâneo continua a oferecer, graças
à mágica exata e sutil da representação, um tipo específico de experiência que
conjuga ludicamente o êxtase de um ritual e o prazer de compreender.
É
importante ainda salientar que o teatro que se propõe a encenar tais propostas cumpre sua função social
quando traz para discussão problemas sociais atuais, que muitas vezes são
velados pelas políticas públicas – que insistem em não olhar para esse social. Os Hedônicos anseiam por coloca à mesa famílias brasileiras, que muitas vezes se
encontram em estado de miséria e/ou atingidas por um esfacelamento
sócio/cultural, que as obriga a agir com violência. Neste sentido, investiremos em encenações que convidem a uma reflexão geral sobre como as relações familiares
brasileiras são construídas, pautadas na manipulação e na anulação de uns por
outros.
Que a lua inspire nossas noites de trabalho! Breve divulgaremos concretamente as novidades!!!
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