sábado, 27 de novembro de 2010

Leitura Dramática da peça ESGOTADO

Como resultado do curso de extensão universitária intitulado: Práticas Criativas em Dramaturgia, ministrado por Tássio Ferreira, com supervisão do Prof. Uendel de Oliveira e Coordenação do Prof. Dr. Marcos Barbosa, vocês verão a leitura dramática da peça ESGOTADO da discente Mônica Leite.


Ao total 06 alunos finalizaram o processo da oficina com uma peça curta escrita que se inspirou na série fotográfica de André Gardenberg, intitulada 'Arquitetura do Medo' (http://www.andregardenberg.com.br/)

(Foto de inspiração para Mônica excrever ESGOTADO)

Durante o curso os alunos eram convidados a escrever cenas partindo de diversos estímulos de criação. A exemplo de uma observação de uma pessoa nas ruas, ouvindo uma música instrumental, apreciando uma pintura, partituras corporais e neste caso, o último ewstímulo foi a série fotográfica de Gardenberg, onde eles puderam escolher uma fotografia para servir de livre inspiração para a escrita de suas peças mais longas. Entendendo longas no máximo 15 páginas.

Sinopse:

E no futuro viverá o homem e o que ele conseguiu criar. Por ser um SER imperfeito, imperfeita também sua relação com ele próprio e a natureza. A realidade se confunde com o ilusório, restando uma geração futura que nunca conhecerá o que é visto hoje. A ganância e o desejo de consumir bem mais do que necessário é a doença que disseminara a humanidade. ESGOTADO tenta mostrar em meio a diálogos aparentemente absurdos, que aquilo que vimos, poderá não vir a ser.

ESGOTADO

Texto: Mônica Leite
Direção: Tássio Ferreira

ONDE: Teatro Martim Gonçalves
QUANDO: 28/11/2010 (Domingo)
HORÁRIO: 9h

Entrada Franca

Elenco: Consa Ferreira, Fernando Campos,
Mabelle Magalhães, Jhoilson de Oliveira,
Joedson Silva, Lucas Bertolucci, Taiana Lemos,
Vivian Rigueira e Yuri Tripodi.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Estréia: Abajur Lilás

Release:

Abajur Lilás escrita há quarenta anos, mantêm seu vigor dramático e político inalterado, sendo mais uma vez montada em 2010 como uma homenagem póstuma ao grande autor Plínio Marcos, pela Cia. Gota D’Água de Teatro e a Cia. de Teatro Hedônicos – em parceria. A peça escancara o universo da prostituição, desnudando os estigmas da profissão, denunciando a violação dos direitos humanos e civis das prostitutas, como sendo também uma questão de gênero.

Os diálogos travados entre as prostitutas (Dilma, Célia e Leninha), o cafetão homossexual (Giro) e o guarda-costas torturador (Osvaldo), transporta o público para um mar de emoções. Não existe nada de fácil nas vidas de Célia, Dilma e Leninha. Para atender a ganância de Giro, seus corpos são vendidos de forma extenuante. Não há prazer nos caminhos dessas mulheres, só degradação moral e violência física. Na zona confinada que é apartamento de Giro o ambiente é arraigado pela hostilidade e cada uma se defende como pode. Dilma pela resignação a sua condição de mãe e pelo amor ao seu filho. Célia pela fúria, pela contraposição anarquista a opressão representada por Giro. Entre ataques e defesas vemos a nossa frente um conflito dramático baseado num ciclo de tortura mútua onde a morte se apresenta como horizonte permanente.

A dramaturgia foi modernizada buscando aproximar ainda mais o público baiano da linguagem e da estética de Plínio Marcos, pela inserção de palavras, gírias e expressões genuinamente soteropolitanas. Essa licença poética permitiu que peça suscitasse ainda debates sobre os crimes de pedofilia e o grande aumento no consumo de crack entre os jovens da capital baiana. A proposta é que Abajur Lilás - Poesia da Crueldade seja um espetáculo preenchido pela baianidade com o jeito de ser e as problemáticas da gente do lugar.

Serviço:
Onde: Sala 05, Escola de Teatro - UFBA. Rua Araújo Pinho 292- Canela – Salvador-BA. 
Fones: (71) 3283-7850/3283-7851
Quando: 19, 20, 21, 26, 27 de Novembro. 10 e 11 de Dezembro, às 20h. Aos sábados e domigos sessão extra às 17h.
Quanto: PQQ (Pague Quanto Quiser)
Realização: Cia. de Teatro Hedônicos e Cia. Gota D’Água de Teatro.
E-mail: contato.abajur@gmail.com

Contato: (71) 8703-6182 / 8708-7701


Ficha Técnica


Texto ð Plínio Marcos ð Direção e Adaptação ð Jhoison de Oliveria ð Assistente de Direção ð Tássio Ferreira ð Figurino ð Concepção Coletiva ð Maquiagem ð Iasmin Motta ð Cenografia ð Jhoison de Oliveria ð Luz ð Tássio Ferreira ð Cenotécnico ð Deilton José ð Operação de Som ð Jhoison de Oliveria ð Operação de Luz ð Taiana Lemos ð Fotografia ð Rômulo Alessandro ð Realização ð Cia. de Teatro Hedônicos e Cia. Gota D’água de Teatro.

                                                                                           Elenco

Amanda Nascimento[Dilma] ð Mabelle Magalhães[Célia] ð Monalisa D’Fonseca [Leninha] ð Tássio Ferreira [Giro] ð Thiago Rigaud [Osvaldo]

sábado, 9 de outubro de 2010

Poesia da Crueldade - Abajur Lilás

A cia. de Teatro Hedônicos, há alguns meses, sela parceria com a Cia. Gota D'água de Teatro, diriga por Jhoilson de Oliveira. No estudo de ambas as companhias, está o espetáculo Abajur Lilás, do grandioso dramaturgo brasileiro Plínio Marcos.

No espetáculo, Tássio Ferreira, atua como assistente de direção e interpretando Giro, um cafetão homessexual. Ainda pelos Hedônicos estão: Mabelle Magalhães, vivendo a pele de Célia, uma prosa Thiago Rigaud interpretando Osvaldo, uma espécie de capataz de Giro. Ainda no elenco: Monalisa da Fonseca, interpretanto Leninha, última puta a chegar na casa e Amanda Nascimento, prostituta. Quem assina adireção é Jhoilson de Oliveira.

Considerações de Abajur Lilás, por Jhoilson de Oliveira:

Escrita em 1969, talvez a peça Abajur Lilás seja a obra-prima de Plínio Marcos. Nela o autor se mostra em plena maturidade dramatúrgica, no ápice de sua capacidade de elaboração de tramas. Nos diálogos travados entre as prostitutas, o cafetão homossexual e o guarda-costas torturador o público é transportado a uma teia de relações que vai da ironia ao assassinato de forma avassaladora. Em Abajur Lilás o mundo da prostituição não é feito pelo glamour. Menos ainda pelos fetiches machistas que permeiam os produtos de TV e do cinema quando retratam as profissionais do sexo. Não existe nada de fácil nas vidas de Célia, Dilma e Leninha. Para atender a ganância de Giro, seus corpos são vendidos de forma extenuante. Não há prazer nos caminhos dessas mulheres, só degradação moral e violência física. Na zona confinada que é apartamento de Giro, o ambiente é arraigado pela hostilidade e cada uma se defende como pode. Dilma pela resignação a sua condição de mãe e pelo amor ao seu filho. Célia pela fúria, pela contraposição anarquista a opressão representada por Giro. Entre ataques e defesas vemos a nossa frente um conflito dramático baseado num ciclo de tortura mútua onde a morte se apresenta como horizonte permanente.

Abajur Lilás é um texto que, por direito de nascença, merece lugar entre os melhores da produção teatral brasileira. Na primeira montagem de Abajur Lilás em Salvador o diretor estreante buscou ter como principais marcas de seu trabalho o arrojo e o alargamento do caráter político da obra. A exemplificação desse arrojo se vê na adaptação feita no texto original. A modernização feita no texto buscou aproximar ainda mais a linguagem de Plínio Marcos do público baiano. Essa licença poética permitiu também que peça suscitasse debates sobre os crimes de pedofilia e o grande aumento no consumo de crack entre os jovens da capital baiana. A proposta é que Abajur Lilás - Poesia da Crueldade, seja um espetáculo preenchido pela baianidade com o jeito de ser e as problemáticas da gente do lugar.

O descolamento temporal entre o período de escrita do texto e a Salvador do século 21, serviu para que fosse ampliada a discussão política proposta pelo autor. O espetáculo denuncia a violação dos direitos humanos e civis das prostitutas, como sendo também uma questão de gênero. Na recriação do drama o diretor aponta o olhar para percepção de que as violências físicas e moral direcionadas as mulheres têm no seu corpo uma desqualificação do trabalho que é indissociável da desqualificação do feminino.


O espetáculo estréia 19 de Novembro (em homenagem póstuma aos 11 anos da morte de Plínio) no Feijão da Escola de Teatro UFBA. Sextas, Sábados e Domingos, até o dia 12 de dezembro, sempre as 20h. 

O espetáculo não tem um valor de ingresso definido: pague quanto quiser. Ainda em seu caráter de experimentação, pretende-se arrabatar o público pelas emoções, e com isso, ele fica a vontade para colaborar com quanto quiser.

Breve colocaremos mais notícias do espetáculo, que estréia logo logo.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Selecionados para Curso de Iniciação à Dramaturgia

1. Ângelo Soares
2. Bruna Tais
3. Diana Paiva
4. Gabriela Lima
5. Giovanna Pinho
6. José Rebouças
7. Lorena Geambastiani
8. Mabelle Magalhães
9. Marco Calil
10. Mônica Leite
11. Nilton Júnior
12. Pedro Nepomuceno
13. Raimundo Moura
14. Robson Gomes
15. Ruth Marinho
16. Vanessa Marins
17. Vida Lima
18. Vinícius Sena


Material para aula: caderno (ou folhas de papel ofício), caneta, lápis e borracha.


Primeira aula acontece no dia 06/09 (segunda-feira), na Sala 201 - Escola de Teatro - UFBA (Canela)

Dúvidas: 8708-7701 / 8164-8485

Sejam Bem -Vindos!!!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Curso de Extensão: PRÁTICAS CRIATIVAS EM DRAMATURGIA - UFBA

Tássio Ferreira, é Licenciando em Teatro pela Escola de Teatro - UFBA. Sua pesquisa de conclusão de curso, tange aspectos metodológicos de ensino de Dramaturgia, com título provisório de: Sedução ao Drama. Assim sendo, ele ministrará esse curso como experimentação da pesquisa que desenvolve na Universidade.


Informações do Curso:


ONDE?
Escola de Teatro - UFBA

QUANDO?
Todas as Segundas-Feiras
(Início dia 06/09/2010)


HORÁRIO?
Das 18:30 as 22:00h

QUANTO?
Gratuito

Disciplina: Dramaturgia / Carga Horária: 68 horas
Ministrante: Tássio Ferreira
Professor Coordenador: Marcos Barbosa
Professor Supervisor: Uendel de Oliveira
Público Alvo: Alunos do Curso de Licenciatura em Teatro, Letras e pessoas afins a temática.
Pré-Requisitos: Jovens a partir de 15 anos.



Ementa:

Iniciar o processo de criação em dramaturgia, partindo de diversos estímulos lúdicos.

Objetivos:
  • Investigar os gêneros épico, lírico e dramático;
  • Compreender as diversas definições do que vem a ser drama, contemplando as manifestações artísticas contemporâneas;
  • Criar e aplicar fichas-roteiros de aula, para avaliação paulatina;
  • Valorizar a prática dramatúrgica, através da criação de cenas a cada aula, dedicando-se ao fim do curso, a criação de uma cena maior de no máximo 10 páginas, culminando na leitura dramática dos textos no Teatro Martim Gonçalves;
  • Apresentar caminhos lúdicos de estímulos para construção de micro-cenas. 

    Conteúdo Programático:

    • Gêneros da Poética; 
    • Introdução aos elementos de criação em dramaturgia;
    • Elementos do Drama:

    - Estrutura Dramática;

    - Personagem;
    - Conflito;
    - Espaço dramático;
    - Tempo dramático;
    - Clímax;
    - Curva dramática;
    • Gêneros dramáticos;
    • Construção de cenas.
    INSCRIÇÕES...

    Baixe a ficha de inscrição e envie para o email:

    ciadeteatrohedonicos@gmail.com

    A lista dos selecionados será divulgada aqui no site no dia 03/09

    Breve Currículo:

    Tássio Ferreira nasceu em Salvador – Ba (1989), licenciando em Teatro pela Universidade Federal da Bahia. Ator, Diretor, Dramaturgo e Professor de Teatro. Diretor Artístico e fundador da Companhia de Teatro Hedônicos no ano de 2008.

                Tem em sua formação o curso de Extensão de Iniciação a Dramaturgia – Grupo Dramatis de Teatro (CNPQ/UFBA), ministrado pelo Prof. Dr. Marcos Barbosa, e o curso de Extensão de Iniciação a Dramaturgia do Teatro do Absurdo, ministrado pelo Mestrando Uendel de Oliveira (PPGAC/UFBA) no ano 2009.  

                Como Dramaturgo, escreveu as peças: Cipriano (peça que integrou o Mini Festival de Dramaturgia (Org. pelo Prof. Dr. Marcos Barbosa) – Quatro Cravos para Exú – Janeiro de 2010, com a publicação do Livro de igual título, no Teatro Gamboa Nova); Campo de Concentração (Companhia de Teatro Hedônicos, 2009), O Mesmo Espelho (2008), Vassoura Atrás da Porta ou Quarto Número Nada (Resultado do Curso de Extensão em Dramaturgia do Teatro do Absurdo) e Interlúdio (2010).

               Como ator, participou das montagens: Quanto Custa um Homem? (Direção de Luiz Marfuz), ano de 2009; Navalha na Carne (direção: Carlos Sorac), ano de 2007; As Desventuras do Sr. Vampíricus (direção: Marta Sant’Ana), ano de 2003, dentre outras.

                 O repertório da Cia de Teatro Hedônico é composto pelos espetáculos Vassoura Atrás da Porta ou Quarto Número Nada (encenado nos teatros: Café Teatro Zélia Gattai, Espaço Cultural Raul Seixas, Teatro Gamboa Nova – 2010), Campo de Concentração (encenada no Teatro Caballeros de Santiago – 2009). Investiga na Cia, uma metodologia de Preparação de Ator baseada na Memória Corporal, a partir dos princípios de Meyerhold, Eugênio Barba e Jacyan Castilho.

               Participou dos seguintes cursos de formação de ator: A Biomecânia de Meyerhold, ministrado pela Profª. Drª Maria Thaís (ECA/USP), 2009; Mímica Corporal Dramática, realizada pelo MIMUS, 2009; Em Busca de uma Dramaturgia Física (Grupo TATO – Criação Cênica/ Fiac), ano de 2008; Musicalidade do Ator em Ação, ministrado pela  Profª Drª Jacyan Castilho (Vilavox), 2008.

                Como Professor de Teatro, tem experiência com oficinas de Dramaturgia, Preparação de Ator, Jogos Teatrais e Dramáticos para crianças e adolescentes, Cultura Afro-Brasileira, Mitologia Africana, escolas da rede pública. 





    Férias! Mas nem tanto...

    Olá,

    Os Hedônicos estão meio que de férias, descansando da temporada de três meses em teatros diferentes. Estamos nos organizando para voltar a cartaz em Novembro (ainda não fechamos o espaço) com novidades no espetáculo. Para quem viu, vale a pena ver de novo.

    Em paralelo, estamos prestes a iniciar um novo trabalho. Uma comédia, explorando um lado latente em todos os atores da Companhia - o cômico. O texto se intitula: A Indesejável, mas nem tanto. Peça que traz os problemas de uma família desregrada em todos os aspectos, e que emerge um caso de incesto, que será julgado pelo público. Apesar de temática forte, tudo é trazido a cena com um toque de humor e leveza. 

    Breve colocarei fotos do processo, comentários do dramaturgo (Pedro de Alcântara).

    Estamos iniciando em Setembro um ciclo de estudo voltados a trabalhos corporais, dando continuidade à pesquisa da Companhia. Em paralelo, tentarei iniciar os trabalhos do grupo de estudos sobre dramaturgia, com amigos dramaturgos aqui da cidade. Com certeza, teremos bons frutos.

    Assim sendo, as férias estão bem agitadas e prometendo muita coisa boa...

    Por Tássio Ferreira

    O TEATRO E O ESPECTADOR NA CONTEMPORANEIDADE: da fragmentação à totalidade.

    Para melhor representar a vida e as experiências propostas para o espectador, o teatro moderno, que surgiu na virada do século XIX para o XX, sofreu várias mudanças a fim de manter um diálogo com a sociedade.
    A vida social contemporânea é marcada por várias transformações.  Estas podem ser percebidas a partir de uma infinidade de novos procedimentos espetaculares que dão um tom ficcional ao dia-a-dia e deixa a todos expostos a uma efervescência de informações que se renovam a todo o momento. A expansão dos meios de comunicação em massa, a multiplicação de máquinas e eventos, a criação constante de diferentes canais de aproximação, provocam no indivíduo contemporâneo sensações e estímulos diversos. Estimulam e interrompem raciocínios estabelecem alterações nos valores éticos e nos conceitos estéticos, requisitando assim novas maneiras de perceber e compreender os acontecimentos sociais.
    As modificações no modo de vida na contemporaneidade e o sistema capitalista desenvolveram no indivíduo uma fragmentação onde este tem dificuldade de compreender a sua totalidade. Um ser dividido entre a razão e o sentimento.
    Decorrentes de nossa sociedade industrial, as condições de mercado influenciaram o tipo de educação a que estamos submetidos, a qual contribui, sem constatação, para a formação desse tipo de pessoas, a que compartimentada, movimenta-se entre uma vida profissional e um cotidiano sensível, cotidiano para o qual parece não possuir o menor treinamento com base no desenvolvimento e refinamento de sua sensibilidade.(DUARTE JR., 2000, P.171)

    Contextualizando o teatro e o espectador na contemporaneidade.

    A pluralidade do modo de vida contemporâneo engendra profundas alterações nas relações econômicas, políticas e sociais, requisitando novos procedimentos estéticos para que se estabeleça um diálogo profícuo com os espectadores deste tempo.
    A sensibilidade humana não é a mesma da modernidade, e por isso deve ser estimulada e atingida por novas propostas. As alterações no modo de vida trazidas pela contemporaneidade (como o desenvolvimento da televisão, a formulação de um novo pensamento cientifico...) colocam em xeque as propostas artísticas modernas e requisitam aos artistas novos procedimentos estéticos em acordo com a percepção e a sensibilidade do espectador dos dias atuais, que apresenta feições particulares.
    A cultura pós-moderna expõe a crise, muitas certezas confortáveis, subvertendo as verdades do modernismo, do evolucionismo e até mesmo dos modelos críticos. As tendências artísticas recentes se utilizam dos novos media para instalar um produto cultural de fácil acesso, todavia há também por parte de produtores culturais a busca além de um modernismo, pela radicalização de suas negações de inteligibilidade imediata e da proposição autoral feita ao receptor, como evidencia Desgranges. (DESGRANGES, 2006, P.140)
     A arte moderna imbuída no espírito de participação em todas as instancias sociais, pretendia provocar o espectador, propondo-lhe que com senso crítico raciocinasse acerca da obra e organizasse interpretações autônomas sobre ela.
    A arte contemporânea vai levar ao extremo está posição de autoria do espectador, sendo que este não apenas deve se encarregar de dar sua própria significação a obra como também participar da feitura da obra artística. A obra no moderno é aberta para que o espectador elabore outras montagens possíveis como no teatro épico brechtiano em que a interdependência dos elementos e a desconstrução da cena se tornam um bom exemplo da participação do espectador num mundo passível de transformação, em que este pode construir a obra teatral de outras maneiras para além da proposta. Já na contemporaneidade a idéia de abertura da obra vai além, para uma obra “explodida”, onde a realidade não se mostra mais desconstruída e transformável, mas sim uma realidade a ser concebida. Não existe mais uma obra, mas possíveis obras a serem construídas pelo receptor.
    A arte teatral na contemporaneidade não é uma síntese aberta à conclusão, mas fragmentos que propõe uma atitude analítica ao espectador, não busca construir um consenso acerca da leitura do mundo, mas sim que o espectador contemple e analise a obra a partir de seu ponto de vista. A arte recente apresenta-se de forma desconexa, em justaposições de elementos que não se harmonizam, contraria a noção de organicidade do modernismo, em que as partes formavam um todo e esta disjunção das partes e a multiplicidade de estilos, propõe uma atitude criativa ao interlocutor.
    Com a multiplicidade de estilos em que se utilizam elementos de todas as épocas, diferentes textos, diferentes narrativas desencontradas, propõe-se criar uma tensão entre os vários pedaços da obra, sem a preocupação de criar uma unidade, nem torná-la orgânica, fazendo com a compreensão se dê pela diferenciação, o espectador tendo que relacionar as partes entre pedaços que não se encaixam.  Há uma mistura de linguagens e narrativas, momentos que podem variar entre o épico, o lírico e o dramático, onde a os elementos que compõem a cena não trabalham mais em função do drama, de sua evolução e dos embates psicológicos de personagens, os elementos ganham significação própria, se manifestam com autonomia em que a encenação é um multifacetado jogo de linguagem que convida o espectador a criar histórias, formular analises críticas e até mesmo conceber o personagem.
     O teatro contemporâneo é propositalmente um processo inconcluso que suscita ao espectador através de uma ação artística na formulação de elementos de significação inexistentes e análises pessoais a cerca do discurso cênico, a juntar-se aos artistas para a feitura da obra e sua leitura. É a proposição dialógica com a efetiva participação do receptor enquanto co-autor da obra que determina o caráter estético, reflexivo e educacional da experiência artística.
    O teatro moderno tem como uma das características importantes o fato de incitar ao espectador uma participação co-autoral do espetáculo em uma atitude responsiva as questões apresentadas pelo autor. O teatro contemporâneo pretende ir além quando faz com que o espectador utilize dos elementos levados a cena para formular uma concepção própria para o evento artístico, não apenas que fechando a obra numa elaboração responsiva, mas sim, participando ao acrescentar significantes ao jogo de linguagens apresentadas.
    O teatro que procura uma reflexão por parte do espectador tem que estar em consonância com as alterações no modo de vida contemporâneo, a fim de estabelecer um diálogo profícuo com este indivíduo contemporâneo, estando imerso numa overdose de informação se encontra sedado; o teatro serviria para despertar, tendo que provocar este indivíduo a elaborar leituras próprias e estimulando a capacidade inventiva propiciaria a imaginação.
                Após a elucidação sobre teatro contemporâneo e do individuo na contemporaneidade posso concluir que o teatro tem um importante papel na proposição de que o sujeito dos dias atuais saia da sua passividade de mero observador do mundo que contempla para tornar-se um ser ativo na realização da obra artística e na sociedade. 

    Artigo escrito por Diana Paiva (Assistente de Direção da Companhia) 

    Referencias Bibliográficas:
    AMORIM, Verussi Melo de  and  CASTANHO, Maria Eugênia. Por uma educação estética na formação universitária de docentes. Educação & Sociedade. [online]. 2008

    Disponível no site: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010173302008000400011&script=sci_arttext
    (acesso em: 30 / 06 / 2009)

    Desgranges, Flávio. A pedagogia do teatro: provocação e dialogismo. São Paulo: Hucitec: Mandacaru, 2006.

    Duarte– Jr. João-Francisco. O sentido dos sentidos: A educação (do) sensível. Campinas, Universidade Estadual de Campinas/ Faculdade de Educação: 2000. Tese de doutorado. Orientação: Prof. Dr. João Francisco Regis de Moraes.

    FREDERICO, Celso. Cotidiano e arte em Lukács. Estudos avançados [online]. 2000..

    (acesso em: 30 / 06 / 2009)

    Monteiro, Paulo Filipe. Os outros da Arte. Universidade Nova de Lisboa, Celta: 1996.

    Zibermam, Regina. Estética da Recepção e História da literatura. São Paulo, Ática: 1989.

    sábado, 29 de maio de 2010

    Terceira e última temporada!

    Galera,

    Estamos encerrando a temporada de apresentações de Vassoura, pelo menos por enquanto. Não sabemos quando voltaremos e se voltaremos.

    Então, quem não viu, é  chance de ver. Estamos muito felizes nessa terceira curtíssima temporada no Teatro Gamboa Nova.

    As últimas apresentações foram bastante satisfatórias para o grupo. Viemos crescendo e amadurecendo o espetáculo, e encantando o público, que espontaneamente expõe seus pontos de vistas nos corredores do teatro, a cada apresentação.

    Esta nova temporada é importante, pelo espaço, que tem um público bem específico, e pela insistência, resistência, e a pedido dos amigos que não puderam conferir nos últimos meses.

    Não deixem de ver, sábado que vem, 20h. Quem já viu, veja novamente, indique a amigos, se gostou, e aos inimigos se não gostou!

    Evoé...

    Vamo que vamo...

    segunda-feira, 5 de abril de 2010

    Mais fotos...

    Poesia do Drama




    Ó moribundo, tu és tão vil.



    Por que não balbucias?



    Encontre as forças da solidão



    Que tão enérgica é capaz de nos destronar.



    Suga-lhe e levantas-te



    Dize uma palavra para não me sufocar



    Ainda que nada seja a tua palavra



    Dize-a



    Para que ouvindo-a



    Eu fuja de mim



    Uma palavra



    Que seja

    (Edivânia é a Co-diretora e atriz convidada pela Companhia)

    sexta-feira, 5 de março de 2010

    sábado, 27 de fevereiro de 2010

    Na pele do Ator

    Um texto que já na primeira leitura gostei (e isso é bem raro de acontecer) vassoura atrás da porta, ou, como prefiro e não escondo, quarto número nada, meu título predileto, tem sido um dos processos mais instigantes, interessantes e enriquecedores que já tive o privilégio de participar. Primeiro de tudo, acredito no texto. Reconheço que se trata de uma obra divertida e surpreendentemente madura para um autor tão jovem.

    Assumo que sinto prazer em participar daquilo que gosto. Embora não possa negar as dores que todo o processo me causou. E quando falo em dores não me refiro apenas àquelas psicológicas que todo o processo causa, mas pelo fato de meu personagem não ter os braços e isso me causar desconfortos enormes de adaptação. Mas todo o incômodo foi bastante desafiador e valeu muito à pena. Coloquei-me numa perspectiva diferente da habitual que me fez ter necessidade de repensar muito as minhas posturas de ator, e porque não dizer, de ser humano. É impossível separar completamente as minhas vivências pessoais do meu trabalho de ator.

    A vida é a matéria prima do teatro. Teatro trata de tudo que é inerente ao ser humano. Na vida, cedo ou tarde, percebemos sua complexidade. Ora é cheia de realizações, esfuziante... Ora trágica, perversa, estranha. E é um pouco desse estranhamento que eu espero que o público perceba. Espero que cada riso, ou provável lágrima, seja motivo para uma futura reflexão. Porque cada emoção que tive (e tenho) como esse processo me leva a perguntas sem respostas garantidas. Mas, inquietantemente necessárias. Como por exemplo, o que fazer na iminência da morte? Como agir na inevitável solidão? Ou talvez questões mais simples: Será que somos capazes de perceber as necessidades dos outros? Não posso deixar de sentir um aperto no peito ao pensar que muitos P2 estão por aí, resistindo sem esperança, vitimados pela conseqüência pura de simplesmente existirem.

    Para finalizar, quero dizer que esse espetáculo significa a minha entrada com o pé direito em 2010. Acho que trará sorte começar o ano fazendo o que gosto. Agradeço muito a todo o apoio que sempre tive. Em especial, à minha mãe, que é a minha maior incentivadora nos momentos de descrença com a vida e arte, e a toda minha família e amigos. Descubro a cada dia que tenho muita fé no futuro, no trabalho e no respeito que somos capazes de desenvolver uns pelos outros.

    A alma não é só o que me resta. Nunca poderei parafrasear o meu personagem. Confirmo aliviado que “Arte não é falta do que fazer” e que graças a todos que estão ao meu redor, resta muita coisa...

    Fernando Campos (Ator da Companhia)


    sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

    Atrás da Porta



    “Vassoura atrás da Porta ou Quarto Número nada”, me fez rever certas “posturas enraizadas” e minha essência. Venho de uma longa trajetória em busca de um conhecimento interior, nessa trajetória, estudei a mim mesmo, e, principalmente, os outros.

    Tive oportunidades de, como ator, explorar várias facetas do ser humano: dor, alegria, tristeza, loucura, solidão, medo, prazer, tortura... Etc. Toda essa gama de sentimentos e mundos, tornaram o que sou hoje: um ser amplo, complexo e em eterna transformação. Sempre acho que nada mais vai abalar minhas estruturas... Nessas horas, tenho raiva de minha ingenuidade.

    Quando fui convidado a fazer esse espetáculo, aceitei por ser um texto com grandes sutilizas, mas não imaginaria nunca, o que iria acontecer durante os ensaios. Esse texto mexeu muito com minhas estruturas, pois, deparei-me com o mundo do Teatro do Absurdo (diga-se de passagem, que eu amo), que traz quatro personagens surpreendentes.

    A minha personagem permeia entre a loucura e a sanidade; o conformismo e a vontade de viver, e, principalmente, entre a rabugentice, e o humor. Um ser totalmente antagônico. Foi nesse momento que fiquei ciente que minhas “posturas enraizadas” teriam que desfazer-se. Sofri... Entrei em desespero, porque me deparei com uma personagem extremamente complexa e que teria que montá-la em pouco mais de um mês. Tarefa árdua, mas que estou amando de verdade, afinal, o que seria dos atores sem os grandes desafios.

    O resultado será julgado pelo público, porém, já fico contente por mais uma vez, o teatro ter bagunçado a minha cabeça e a minha vida. Amo a minha arte e sem ela não sou nada. Uma coisa que tenho certeza, eu, Lucas Bertolucci, estarei atrás da porta, torcendo, aplaudindo, incentivando e mandando energias para um tal personagem que conquistou meu coração... Um acara chamado P1.



    Por Lucas Bertolucci (Ator da Companhia.)

    quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

    Lamentos de uma atriz...

    Não explicaram muito bem a questão dos processos para o espetáculo. Venho esclarecer melhor. O texto é um olhar intenso sobre a vida de dois pacientes abandonados num quarto de hospital público. Um quarto número nada. Um quarto que as pessoas parecem ignorar. Uma atitude típica de nosso país onde todos preferem fingir que não vêem. Onde os vidros dos carros se fecham ao se detectar a presença de meninos de rua. Onde as maiores injustiças são admitidas por uma população passiva que prima por ser inconsciente. Agora, enquanto escrevo esse texto, ouço na televisão a notícia de que uma mulher, idosa, morreu no posto médico público após 24 horas à espera de uma UTI. Fico profundamente comovida e revoltada.


     
    Diante disso, acho que as nossas enfermeiras displicentes e perversas não afastam em nada da realidade. Aliás, o que estará imitando o quê? Mas será esse um problema só brasileiro?Quando vejo as barbáries que acontecem pelo mundo me pergunto: Quem se responsabiliza pelo outro hoje em dia? Quem cumpre o dever básico de ser competente naquilo a que se propõe? Esses, entre outros, foram os questionamentos que o texto me trouxe.


     
    Para chegar até aqui tive que lutar contra a minha confortável ação de trabalhar em cima do óbvio e depois ir para casa com a falsa sensação de dever cumprido. Mas eu não quero apenas me sentir confortável. Quero mergulhar fundo, colocar o dedo na ferida. Mesmo que para isso tenha que sair de alguns ensaios pensando seriamente e desistir de ser atriz. Forçando-me ao exercício cada vez mais em desuso de pensar.


     
    Como confidenciei ao grupo certa vez, estava sendo muito complicado lidar com a energia do espetáculo. Por ter que mergulhar num ambiente tão pesado como o hospitalar, foi um começo muito sofrido. Ouvir as falas dos personagens tinha efeito direto sobre mim, pois convivo há muitos anos com a doença de um ente muito querido. O mais difícil, certamente, foi ter que me deparar com tanto sofrimento e não me envolver, já que a minha personagem é alheia a tudo isso. Mas o processo, que sempre é caótico no começo, nos ajuda a achar soluções para o que parece ser incontornável. E a cada leitura fui encontrando a minha enfermeira 2, fui me surpreendendo com o que ela era capaz de fazer. Isso me deu um prazer incomensurável e me fez pensar muito, como uma jovem atriz que sabe que tem muito que aprender, e que não posso deixar de me encantar sempre ao perceber o quanto é vasto o universo do ator. Posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que o espetáculo contribuiu e tem contribuído muito para a minha melhora como atriz e ser humano. Tenho até a pretensão de esperar que esse espetáculo venha a contribuir para a melhora de vocês.

     Por Mabelle Magalhães
    (Atriz e Co-Fundadora da Companhia)

    quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

    A porta está aberta e o som ligado: O revelar do processo.

    O processo de criação pode ser a partir de qualquer coisa é comum que seja pelo texto, começamos pela leitura do texto, mas não me valho apenas dele, nem das improvisações, memória corporal, vivências pessoais, histórias que ouço por aí, eu preciso de música! Então eu convido os leitores do blog para entrarem neste universo sonoro.
    Como assistente de direção a minha forma de entrar na atmosfera da peça foi a identificação com algumas músicas para serem trabalhadas nos ensaios.

    Em P1 e P2 eu via duas pessoas brigando o tempo todo, mas abandonados a eles mesmos, rabugentos, engraçados, naquele momento eram amigos de infância!

    Trabalhei a música Meu amigo Pedro de Raul Seixas com Fernando e Lucas para criação de vínculos entre P1 e P2, as diferenças, mas o companheirismo.

    O começo da música sempre me lembra como uma caminhada de mãos dadas, olha que imaginação é algo muito pessoal, cada um cria suas imagens, mas vamos lá.

    “Quando quer chorar vai ao banheiro” eu achei a cara de P2, durão. “Me queimo torto no inferno” P1, ah ele é artista! Risos

    “Hoje eu te chamo de careta e você me chama vagabundo”, me parece P1 falando sobre P2, um careta e o outro é vagabundo, pois no texto P2 pergunta a P1 o que ele faz, ele diz nada e P2 diz que como P1 é artista ele deve propor, criar... Mas então estou com P1, é isso que é arte? Materializar coisas?

    E P1 assim como na música meu amigo Pedro pede a P2 que não o critique, deixe ele ser como ele é.

    Quando no refrão diz “Pedro onde você vai eu também vou, mas tudo acaba onde começou” eu ficava vendo os dois atores ali deitados e via os dois personagens brigando mas com carinho, mas aonde eles vão eu não posso dizer, se não estraga a brincadeira.


    Para a Enfermeira 1 eu escolhi duas músicas, Dr. Pacheco de Raul Seixas e Histérica de Oswaldo Montenegro.

    A imagem que crio de Dr. Pacheco é de um psiquiatra estilo cientista maluco de desenho animado e a enfermeira 1 seria a versão feminina daquela criaturinha louca, paranóica, olhos esbugalhados, andar estranho, uma mistura desequilibrada de energia e cansaço.

    Quando nos versos da música se encontra

    “Formado, reformado, engomado
    Num sorriso fabricado
    Pela escola da ilusão,
    ...
    Perdido, dividido, dirigido,
    Carcomido e iludido
    ...
    Dr. Pacheco não vai voltar
    Dr. Pacheco foi almoçar”

    Lembro dela, pelas próprias falas dela, ela foi formada e dirigida para ser assim, dura, e que escola é essa onde se ensina ilusões e pensando na minha faculdade me pergunto qual escola não ensina ilusões?
    A personagem é dividida entre as várias tarefas que tem de cumprir e ela de certa forma abandonará os pacientes, vamos dizer que ela não vai voltar porque foi almoçar. Mas é nessa hora que ela fala de suas “divisões” e bom, que mulher não é dividida entre profissão, marido, filhos e menstruação? Nessa hora ela é a histérica de Oswaldo Montenegro.

    A música do Oswaldo começa com vidros sendo quebrados, tiros e um grito! Nossa!! Assim é a entrada da Enfermeira 1, uma histérica controlada, (controlada até quando?), afinal está num hospital, mas dá para ver na entrada da personagem pelos seus olhos arregalados, pelo andar apressado, ela vai explodir! Saiam de perto!

     
    A Enfermeira 2 eu peguei bem do texto mesmo, bem diferente da riquíssima construção de Mabelle, imaginava uma pessoa que expõe produtos, no caso dela, expõe informações, não importando se serão interessantes, mas de um jeito encantador, sensual, alegre como se fosse a melhor coisa do mundo, algo meio garota do tempo, meio modelo, que não importa o conteúdo do que é dito, mas sim o jeito que é mostrado, me lembrei na hora da música Das Modell, tanto na versão tecno industrial da banda Kraftwerk quanto na versão rock industrial da banda alemã Rammstein.

    Como nos dois casos a música está em alemão (há uma versão em inglês também) e mesmo sabendo a tradução me valho mais da imagem dos clips e do ritmo. No caso de Kraftwerk lembra mesmo um desfilar, meio robotizado, meio quebrado para as poses.

    Das model – versão Kraftwerk
    “Ela é tão bela, por sua beleza nós pagaremos
    Ela posa para produtos de consumo de vez em quando
    Para toda câmera ela dá o melhor de si”

    Essa questão de dar o melhor de si, é o que a personagem faz, dá o melhor de si, sempre tenta ser agradável, sempre diz “espero ter contribuído para a melhora de vocês”, ela deseja ser simpática, solícita, ajudar, mas aí é que está ela realmente ajuda? E porque ela ajuda, para que “câmera”? É uma pose? Uma ironia?
    Outra música que foi utilizada para a personagem enfermeira 2 foi Ai se eles me pegarem agora, música de Ópera do malandro de Chico Buarque, utilizada para a construção da sua forma de andar.

    Agora ouço a música de abertura da peça, a primeira a ser escolhida e a que me comove a qual eu não citarei, somente assistindo ao espetáculo para entender porque ela foi escolhida, ou não entender mais ver como ela inicia, adentra quem a ouve na atmosfera de sentimentos do que será exposto.

    Mas uma música que utilizamos pouquíssimo e a que mais gosto é L’amitié de Françoise Hardy, porque me lembra a questão de que a única coisa que resta a P1 e P2 é a amizade deles.



    “Como não sabemos o que a vida nos dá,

    Talvez eu não seja mais ninguém.

    Se me resta um amigo que realmente me compreenda,

    Me esquecerei das lágrimas e penas.”


    Links para vídeos de algumas músicas:

    L’amitie


    http://www.youtube.com/watch?v=MXWfb1PpmbQ&feature=related

    Das Modell

    http://www.youtube.com/watch?v=wWc4a5B9AUI&feature=related

    Meu amigo Pedro

    http://www.youtube.com/watch?v=llcFzl3uauk

    Dr. Pacheco

    http://www.youtube.com/watch?v=WlM52IE_Jrk&feature=related


    Diana Paiva
    Assistente de Direção

    quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

    CARAS... CARICATAS

    Contamos com o trabalho da Atriz, Arte-Educadora e Artista Plástica Priscila Pimentel, com essas caricaturas de toda a equipe, que ajuda a trazer um pouco da atmosfera do espetáculo. Sobretudo, o espírito clownesco, característico dos procedimentos dramatúrgicos do Teatro do Absurdo. Destaque para Ionesco, que, ao meu ver, traz com maior força a comicidade. Um traço que está sendo desenhado em nosso espetáculo - a quebra com um riso desconsertante. O que muitos chama de "humor negro".

    Cada escolha, quase que milimétrica, vai dando esse contorno de leveza e profundidade ao espetáclo. Uma mistura de dor e alegria, inocência e pervercidade, vazio e turbilhão de sentimentos. Somos bem contemplados com os desenhos de Priscila Pimentel, também por representar o que não queremos mostrar, mas que é bem explícito - nossos defeitos. Claro que de uma maneira exacerbada, nos desenhos, mas no di-a-dia, são suprimidos por falsas ilusões de nosso caráter (sendo bem redundante.)

    Acabaram conhecendo mais um pedacinho desse quebra cabeça desembaralhado!




    Diretor e Dramaturgo
    Tássio Ferreira

    Co-Diretora
    Edivânia Lima
    Assist. de Direção
    Diana Paiva


    Ator
    Lucas Bertolucci

    Atriz
    Mabelle Magalhães


    Ator
    Fernando Campos


    Atriz
    Edivânia Lima

    quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

    A Todo Vapor...

    Diz-se que em Salvador, o ano começa pós-carnaval. De fato, parece que isso acontece, sobretudo no Teatro. Temos poucas produções nesse período conhecido por férias - de janeiro a fevereiro. Com isso, sofrem os espetáculos que se lançam nesse período, sofrem as companhias (nosso caso) que buscam apoio de empresas para estrear espetáculos em pós-carnaval (nosso caso), que recebem desculpas diárias de "tal diretor de marketing" estar de férias, ou: "não podemos apoiar nesse período, ligue depois do carnaval".
    A coisa se não é caótica, está beirando o próprio caos. Mas, como somos ousados, metemos a cara e damos seguimento aos nossos projetos. Vassoura vai sair! Rr.
    Já podemos dizer que esse ano será de grande temporada para o espetáculo, ou de pequenas temporadas que juntas, deixam o espetáculo em cartaz por algum tempo.
    Aí vai nossa programação de 2010...

    Março em cartaz: Café Teatro Zélia Gattai - Pelourinho
    Quando: Quartas-Feiras (exceto dia 03)
    Horário: 19h
    Ingressos: R$ 10,00 inteira e R$5,00 meia.


    Abril em cartaz: Teatro Raul Seixas - Sindicato dos Bancários
    Quando: Sábados
    Horário: 20h
    Ingressos: R$ 10,00 inteira e R$5,00 meia.

    Maio: Estamos fechando temporada
    Junho em cartaz: Teatro Gamboa Nova - Largo dos Aflitos
    Quanto: Provavelmente sextas e sábados
    Horário: 20h
    Ingressos: R$5,00

    A idéia é de um espetáculo que possa ser adaptado a qualquer espaço, não limitado a caixa cênica italiana. Daí, nosso projeto contempla apresentações em faculdades, para suscitar questionamentos diversos nos cursos de letras e enfermagem. Letras, levantado questões do uso da linguagem na contemporaneidade, alé de construções em dramaturgia e dos procedimentos dramatúrgicos do Teatro do Absurdo. Em enfermagem, se pode discutir questões de ética e moral dentro de um hospital ou clínica. Além de procedimentos que as personagens executam no espetáculo, e contrapor com a realidade não ficcional.

    terça-feira, 12 de janeiro de 2010

    Nova Montagem da Companhia...

    2010 com mudanças de planos...



    A Priore, a idéia era começar o ano com a montagem do texto de Eugène Ionesco, A Cantora Careca. Daí, a mudança para o texto VASSOURA ATRÁS DA PORTA OU QUARTO NÚMERO NADA, do diretor artístico da Companhia: Tássio Ferreira. Ainda na estética do absurdo, essa nova montagem deve estrear em Março, aqui em Salvador. Breve divulgaremos datas e o teatro.



    Um pouco sobre a peça....



    Vassoura Atrás da Porta ou Quarto Número Nada, retrata uma fatia do mais novo cotidiano de dois pacientes: P1 e P2, dentro de uma enfermaria de um hospital público. Bastante humorados: vezes brigam, vezes lamentam seu estado moribundo, reclamam o atendimento hospitalar, esperam, esperam, e, esperam. Duas enfermeiras responsáveis pelos dois, interferem, vez ou outra para dar recomendações, contra-indicações, e zelar pelos pacientes.

    Um texto inspirado no universo do Teatro do Absurdo, sobretudo aos procedimentos dramatúrgicos extremamente diferentes de Eugène Ionesco e Samuel Beckett. Uma crítica forte funcionalismo público, no que diz respeito à saúde, um questionamento as ciências. Até que ponto existe essa precisão científica, essa supervalorização que é dada? Além de colocar à mesa os valores humanos, que, imediatamente trazem consigo esse referencial do divino, tão questionado no renascimento e que ganha nova significação, em nosso século XXI.



    Os ensaios começaram ontem, e a coisa promete. Temos a diretora Edivânia Lima, como convidada neste processo a ser Co-Diretora do espetáculo, além da incorporação de Diana Paiva à equipe, trabalhando como Asssistente de Direção.


    um trecho do texto:

    Personagens:

    P1
    P2
    Enfermeira 1
    Enfermeira 2



    Cenário:

    Uma vassoura atrás da porta e uma janela próxima ao paciente 1. Duas camas hospitalares. Branco. Vazio.




    P1. Eu já pedi que fechassem a janela. Venta muito, e, eu sinto frio no pé.


    P2. Mas o atendimento é mesmo precário, só tomamos banho uma vez por semana.


    P1. Eu não entendo porque não deixam as cartas aqui. A gente tem que ler, e devolver.


    P2. Minha cabeça coça muito.


    P1. Você reclama demais!


    P2. Não, você que reclama!


    P1. Não, é você!


    P2. Não, o reclamão é você!


    P1. Tá, assumo que sou eu. (pausa) É o que resta.



    P2. E resta alguma coisa?


    P1. Resta muita coisa.


    P2. É o que eu perguntei.


    P1. Foi o que respondi.



    P2. Você respondeu e não disse nada.


    P1. Você é muito excêntrico. Isso me irrita profundamente.


    P2. Quem se irrita profundamente sou eu! Sou obrigado a ouvi-lo todos os dias, todas as horas, todos os minutos...


    P1. E os segundos!


    P2. Cale a boca!


    Silêncio.


    P1. Já pedi que fechassem à janela. Venta muito e, eu sinto frio no pé.



    P2. Você não tem algo mais criativo?


    P1. Só se eu voasse pelo quarto.


    P2. Seria bom!


    P1. É, seria.


    Breve, mais notícias do espetáculo...





    sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

    Minifestival de Dramaturgia QUATRO CRAVOS PARA EXU


    Hoje, dia 08 estréia o Minifestival de Dramaturgia QUATRO CRAVOS PARA EXU.

    Uma iniciativa do Prof. Dr. Marcos Barbosa, após um curso de Extensão Universitária, na Escola de Teatro da UFBA de Iniciação à Dramaturgia.

    (Da Esquerda para Direita: Daniel Guerra, Crstiane Barreto, Gildon Oliveira, Bárbara Pessoa, Tássio Ferreira e Fábio Nieto)

    Alguns muitos exercícios foram feitos, para estimular o processo de criação dramatúrgica, sempre inspirados em imagens. Ao fim, esse curso resultaria em uma peça curta: de 10 a 15 páginas. Eram seis alunos, sendo que somente quatro concluiram as peças, inspiradas em uma série de fotografias LARÓYÈ, bem conhecidas do fotógrafo Mario Cravo Neto (1947-2009). Das fotos, nasceram as peças:




    Meninas de Short e Sem Rosto de Cristiane Barreto
    Cipriano de Tássio Ferreira
    Pensando Bem... de Bárbara Pessoa 
    Alfazema e Suor de Gildon Oliveira
    (Fotografias das peças: Mario Cravo Neto)

    Quem assina a Direção de Meninas de Short e Sem Rosto e Cipriano, é o Daniel Guerra (Baxkai) e, Pensando Bem... e Alfazema e Suor têm direção de Fabio Nieto (O Avental Todo Sujo de Ovo). Ainda na equipe técnica temos: Nando Zâmbia (Shirê Obá) na Iluminação, Ramona Azevedo assina a Maquiagem e Figurino, Cenografia de Hamilton Lima ( A Pedra do Meio-Dia) e Coordenação Geral da Diretora Elisa Mendes (Joana D'Arc).


    Dentro de cada pequena grande obra, é possível encontrar as múltiplas facetas do mítico orixá EXU. Trazendo os múltiplos olhares que Mario Cravo Neto trouxe em sua série, desmistificando muitas vezes e figura diabólica trazida pela igreja católica, em oposição ao desconhecido.

    Dentro do Festival acontecem muitas coisas: a publicação do livro Quatro Cravos para Exu, onde estão as peças na íntegra, e análises de algumas importantes figuras da dramaturgia Baiana, como: Cleise Mendes, Antônia Pereira, Catarina Sant'Anna e Cássia Lopes. No livro, elas tecem comentarios a cerca das obras lançadas. Ainda acontecerão leituras de textos inéditos de outros dramturgos, mesa de discussão com dramaturgoas baianos como: Gil Vicente Tavares, Cleise Mendes, Marcos Barbosa e outros.

    Uma brilhante iniciativa dentro do cenário baiano, que encabeça o primeiro festival de Dramaturgia do estado, onde são laçadas quatro obras de quatro dramaturgos. Um espaço importante de discussão da dramaturgia Contemporânea, do que é produzido na Bahia, e a oportunidade e encenar textos contemporâneos, sendo o mais fiel possível a obra dramatúrgica.

    Lembrar que o Minifestival acontece as Quintas, Sextas e Sábados do mês de Janeiro e algumas peças de estendem por Fevereiro. Sempre começando as 19h Meninas de Short e Sem Rosto e Cipriano, e as 20:30h Pensando Bem... e Alfazema e Suor. No Teatro Gamboa Nova - No largo dos Aflitos. Ingressos a R$5,00.