sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Campo de Concentração


No principio se espera pelo título que 'Campo de Concentração' seja mais uma peça sobre o holocausto, porém observamos uma grande experiência que nos remete ao mesmo tempo aos nossos mais baixos sentimentos e uma reflexão que adiamos sempre quando estamos diante da realidade. Uma vez que todas as emoções mais intensas e confusas das personagens parecem convergir para a redenção.


As personagens se impõem umas as outras martírios terríveis ora de forma onírica (mais certo seria dizer a maneira de um pesadelo), ora de maneira brutalmente realista. O enredo trás personagens com diferentes personalidades e sentimentos íntimos. As pulsões são expostas, fazendo com que eles se libertem de toda repressão da sociedade e cultura que são impostas pelo superego. Isso acaba provocando a libertação do id, ou seja suas pulsões, que está reprimido dentro de cada um deles.
Campo de Concentração tem o dom de tocar os nervos e de, pela resposta que provoca com esse toque, expor o expectador de maneira desconcertante. Da mesma forma como os sentimentos se abrem diante do expectador como abismos escuros nos quais se cai sem saber quando encontrarão o fundo. Campo de Concentração não deve ser explicado. Deve ser atravessado e enfretado, não que haja afinal esperança de resolver suas contradições. nem de compreender todas as atribulações que ele provoca.


Quanto ao cenário nos remete para o caos em que as personagens se encontram, pouco, simples, mas necessário. Seria conveniente dizer que é pouco explorado diante da magnitude do texto que em dado momento nos faz recordar o grande Augusto dos Anjos (autor de: O beijo; É véspera do escarro; A mão que afaga é a mão que fere; dentre outros).


Campo de Concentração tem quase duas horas daquilo que se pode chamar de drama psicológico, é uma excelente apresentação, porém densa, enevoada, que apresenta textos carregados e quase ácidos em determinados pontos. Ao final da peça é possível compreender tudo aquilo que as personagens vêem tentando nos mostrar ao longo do enredo. Por isso, o expectador deve assistir uma segunda vez para compreender melhor a essência psicológica de cada personagem.



Psicólogo Rafael Glass