sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Curso de Extensão: PRÁTICAS CRIATIVAS EM DRAMATURGIA - UFBA

Tássio Ferreira, é Licenciando em Teatro pela Escola de Teatro - UFBA. Sua pesquisa de conclusão de curso, tange aspectos metodológicos de ensino de Dramaturgia, com título provisório de: Sedução ao Drama. Assim sendo, ele ministrará esse curso como experimentação da pesquisa que desenvolve na Universidade.


Informações do Curso:


ONDE?
Escola de Teatro - UFBA

QUANDO?
Todas as Segundas-Feiras
(Início dia 06/09/2010)


HORÁRIO?
Das 18:30 as 22:00h

QUANTO?
Gratuito

Disciplina: Dramaturgia / Carga Horária: 68 horas
Ministrante: Tássio Ferreira
Professor Coordenador: Marcos Barbosa
Professor Supervisor: Uendel de Oliveira
Público Alvo: Alunos do Curso de Licenciatura em Teatro, Letras e pessoas afins a temática.
Pré-Requisitos: Jovens a partir de 15 anos.



Ementa:

Iniciar o processo de criação em dramaturgia, partindo de diversos estímulos lúdicos.

Objetivos:
  • Investigar os gêneros épico, lírico e dramático;
  • Compreender as diversas definições do que vem a ser drama, contemplando as manifestações artísticas contemporâneas;
  • Criar e aplicar fichas-roteiros de aula, para avaliação paulatina;
  • Valorizar a prática dramatúrgica, através da criação de cenas a cada aula, dedicando-se ao fim do curso, a criação de uma cena maior de no máximo 10 páginas, culminando na leitura dramática dos textos no Teatro Martim Gonçalves;
  • Apresentar caminhos lúdicos de estímulos para construção de micro-cenas. 

    Conteúdo Programático:

    • Gêneros da Poética; 
    • Introdução aos elementos de criação em dramaturgia;
    • Elementos do Drama:

    - Estrutura Dramática;

    - Personagem;
    - Conflito;
    - Espaço dramático;
    - Tempo dramático;
    - Clímax;
    - Curva dramática;
    • Gêneros dramáticos;
    • Construção de cenas.
    INSCRIÇÕES...

    Baixe a ficha de inscrição e envie para o email:

    ciadeteatrohedonicos@gmail.com

    A lista dos selecionados será divulgada aqui no site no dia 03/09

    Breve Currículo:

    Tássio Ferreira nasceu em Salvador – Ba (1989), licenciando em Teatro pela Universidade Federal da Bahia. Ator, Diretor, Dramaturgo e Professor de Teatro. Diretor Artístico e fundador da Companhia de Teatro Hedônicos no ano de 2008.

                Tem em sua formação o curso de Extensão de Iniciação a Dramaturgia – Grupo Dramatis de Teatro (CNPQ/UFBA), ministrado pelo Prof. Dr. Marcos Barbosa, e o curso de Extensão de Iniciação a Dramaturgia do Teatro do Absurdo, ministrado pelo Mestrando Uendel de Oliveira (PPGAC/UFBA) no ano 2009.  

                Como Dramaturgo, escreveu as peças: Cipriano (peça que integrou o Mini Festival de Dramaturgia (Org. pelo Prof. Dr. Marcos Barbosa) – Quatro Cravos para Exú – Janeiro de 2010, com a publicação do Livro de igual título, no Teatro Gamboa Nova); Campo de Concentração (Companhia de Teatro Hedônicos, 2009), O Mesmo Espelho (2008), Vassoura Atrás da Porta ou Quarto Número Nada (Resultado do Curso de Extensão em Dramaturgia do Teatro do Absurdo) e Interlúdio (2010).

               Como ator, participou das montagens: Quanto Custa um Homem? (Direção de Luiz Marfuz), ano de 2009; Navalha na Carne (direção: Carlos Sorac), ano de 2007; As Desventuras do Sr. Vampíricus (direção: Marta Sant’Ana), ano de 2003, dentre outras.

                 O repertório da Cia de Teatro Hedônico é composto pelos espetáculos Vassoura Atrás da Porta ou Quarto Número Nada (encenado nos teatros: Café Teatro Zélia Gattai, Espaço Cultural Raul Seixas, Teatro Gamboa Nova – 2010), Campo de Concentração (encenada no Teatro Caballeros de Santiago – 2009). Investiga na Cia, uma metodologia de Preparação de Ator baseada na Memória Corporal, a partir dos princípios de Meyerhold, Eugênio Barba e Jacyan Castilho.

               Participou dos seguintes cursos de formação de ator: A Biomecânia de Meyerhold, ministrado pela Profª. Drª Maria Thaís (ECA/USP), 2009; Mímica Corporal Dramática, realizada pelo MIMUS, 2009; Em Busca de uma Dramaturgia Física (Grupo TATO – Criação Cênica/ Fiac), ano de 2008; Musicalidade do Ator em Ação, ministrado pela  Profª Drª Jacyan Castilho (Vilavox), 2008.

                Como Professor de Teatro, tem experiência com oficinas de Dramaturgia, Preparação de Ator, Jogos Teatrais e Dramáticos para crianças e adolescentes, Cultura Afro-Brasileira, Mitologia Africana, escolas da rede pública. 





    Férias! Mas nem tanto...

    Olá,

    Os Hedônicos estão meio que de férias, descansando da temporada de três meses em teatros diferentes. Estamos nos organizando para voltar a cartaz em Novembro (ainda não fechamos o espaço) com novidades no espetáculo. Para quem viu, vale a pena ver de novo.

    Em paralelo, estamos prestes a iniciar um novo trabalho. Uma comédia, explorando um lado latente em todos os atores da Companhia - o cômico. O texto se intitula: A Indesejável, mas nem tanto. Peça que traz os problemas de uma família desregrada em todos os aspectos, e que emerge um caso de incesto, que será julgado pelo público. Apesar de temática forte, tudo é trazido a cena com um toque de humor e leveza. 

    Breve colocarei fotos do processo, comentários do dramaturgo (Pedro de Alcântara).

    Estamos iniciando em Setembro um ciclo de estudo voltados a trabalhos corporais, dando continuidade à pesquisa da Companhia. Em paralelo, tentarei iniciar os trabalhos do grupo de estudos sobre dramaturgia, com amigos dramaturgos aqui da cidade. Com certeza, teremos bons frutos.

    Assim sendo, as férias estão bem agitadas e prometendo muita coisa boa...

    Por Tássio Ferreira

    O TEATRO E O ESPECTADOR NA CONTEMPORANEIDADE: da fragmentação à totalidade.

    Para melhor representar a vida e as experiências propostas para o espectador, o teatro moderno, que surgiu na virada do século XIX para o XX, sofreu várias mudanças a fim de manter um diálogo com a sociedade.
    A vida social contemporânea é marcada por várias transformações.  Estas podem ser percebidas a partir de uma infinidade de novos procedimentos espetaculares que dão um tom ficcional ao dia-a-dia e deixa a todos expostos a uma efervescência de informações que se renovam a todo o momento. A expansão dos meios de comunicação em massa, a multiplicação de máquinas e eventos, a criação constante de diferentes canais de aproximação, provocam no indivíduo contemporâneo sensações e estímulos diversos. Estimulam e interrompem raciocínios estabelecem alterações nos valores éticos e nos conceitos estéticos, requisitando assim novas maneiras de perceber e compreender os acontecimentos sociais.
    As modificações no modo de vida na contemporaneidade e o sistema capitalista desenvolveram no indivíduo uma fragmentação onde este tem dificuldade de compreender a sua totalidade. Um ser dividido entre a razão e o sentimento.
    Decorrentes de nossa sociedade industrial, as condições de mercado influenciaram o tipo de educação a que estamos submetidos, a qual contribui, sem constatação, para a formação desse tipo de pessoas, a que compartimentada, movimenta-se entre uma vida profissional e um cotidiano sensível, cotidiano para o qual parece não possuir o menor treinamento com base no desenvolvimento e refinamento de sua sensibilidade.(DUARTE JR., 2000, P.171)

    Contextualizando o teatro e o espectador na contemporaneidade.

    A pluralidade do modo de vida contemporâneo engendra profundas alterações nas relações econômicas, políticas e sociais, requisitando novos procedimentos estéticos para que se estabeleça um diálogo profícuo com os espectadores deste tempo.
    A sensibilidade humana não é a mesma da modernidade, e por isso deve ser estimulada e atingida por novas propostas. As alterações no modo de vida trazidas pela contemporaneidade (como o desenvolvimento da televisão, a formulação de um novo pensamento cientifico...) colocam em xeque as propostas artísticas modernas e requisitam aos artistas novos procedimentos estéticos em acordo com a percepção e a sensibilidade do espectador dos dias atuais, que apresenta feições particulares.
    A cultura pós-moderna expõe a crise, muitas certezas confortáveis, subvertendo as verdades do modernismo, do evolucionismo e até mesmo dos modelos críticos. As tendências artísticas recentes se utilizam dos novos media para instalar um produto cultural de fácil acesso, todavia há também por parte de produtores culturais a busca além de um modernismo, pela radicalização de suas negações de inteligibilidade imediata e da proposição autoral feita ao receptor, como evidencia Desgranges. (DESGRANGES, 2006, P.140)
     A arte moderna imbuída no espírito de participação em todas as instancias sociais, pretendia provocar o espectador, propondo-lhe que com senso crítico raciocinasse acerca da obra e organizasse interpretações autônomas sobre ela.
    A arte contemporânea vai levar ao extremo está posição de autoria do espectador, sendo que este não apenas deve se encarregar de dar sua própria significação a obra como também participar da feitura da obra artística. A obra no moderno é aberta para que o espectador elabore outras montagens possíveis como no teatro épico brechtiano em que a interdependência dos elementos e a desconstrução da cena se tornam um bom exemplo da participação do espectador num mundo passível de transformação, em que este pode construir a obra teatral de outras maneiras para além da proposta. Já na contemporaneidade a idéia de abertura da obra vai além, para uma obra “explodida”, onde a realidade não se mostra mais desconstruída e transformável, mas sim uma realidade a ser concebida. Não existe mais uma obra, mas possíveis obras a serem construídas pelo receptor.
    A arte teatral na contemporaneidade não é uma síntese aberta à conclusão, mas fragmentos que propõe uma atitude analítica ao espectador, não busca construir um consenso acerca da leitura do mundo, mas sim que o espectador contemple e analise a obra a partir de seu ponto de vista. A arte recente apresenta-se de forma desconexa, em justaposições de elementos que não se harmonizam, contraria a noção de organicidade do modernismo, em que as partes formavam um todo e esta disjunção das partes e a multiplicidade de estilos, propõe uma atitude criativa ao interlocutor.
    Com a multiplicidade de estilos em que se utilizam elementos de todas as épocas, diferentes textos, diferentes narrativas desencontradas, propõe-se criar uma tensão entre os vários pedaços da obra, sem a preocupação de criar uma unidade, nem torná-la orgânica, fazendo com a compreensão se dê pela diferenciação, o espectador tendo que relacionar as partes entre pedaços que não se encaixam.  Há uma mistura de linguagens e narrativas, momentos que podem variar entre o épico, o lírico e o dramático, onde a os elementos que compõem a cena não trabalham mais em função do drama, de sua evolução e dos embates psicológicos de personagens, os elementos ganham significação própria, se manifestam com autonomia em que a encenação é um multifacetado jogo de linguagem que convida o espectador a criar histórias, formular analises críticas e até mesmo conceber o personagem.
     O teatro contemporâneo é propositalmente um processo inconcluso que suscita ao espectador através de uma ação artística na formulação de elementos de significação inexistentes e análises pessoais a cerca do discurso cênico, a juntar-se aos artistas para a feitura da obra e sua leitura. É a proposição dialógica com a efetiva participação do receptor enquanto co-autor da obra que determina o caráter estético, reflexivo e educacional da experiência artística.
    O teatro moderno tem como uma das características importantes o fato de incitar ao espectador uma participação co-autoral do espetáculo em uma atitude responsiva as questões apresentadas pelo autor. O teatro contemporâneo pretende ir além quando faz com que o espectador utilize dos elementos levados a cena para formular uma concepção própria para o evento artístico, não apenas que fechando a obra numa elaboração responsiva, mas sim, participando ao acrescentar significantes ao jogo de linguagens apresentadas.
    O teatro que procura uma reflexão por parte do espectador tem que estar em consonância com as alterações no modo de vida contemporâneo, a fim de estabelecer um diálogo profícuo com este indivíduo contemporâneo, estando imerso numa overdose de informação se encontra sedado; o teatro serviria para despertar, tendo que provocar este indivíduo a elaborar leituras próprias e estimulando a capacidade inventiva propiciaria a imaginação.
                Após a elucidação sobre teatro contemporâneo e do individuo na contemporaneidade posso concluir que o teatro tem um importante papel na proposição de que o sujeito dos dias atuais saia da sua passividade de mero observador do mundo que contempla para tornar-se um ser ativo na realização da obra artística e na sociedade. 

    Artigo escrito por Diana Paiva (Assistente de Direção da Companhia) 

    Referencias Bibliográficas:
    AMORIM, Verussi Melo de  and  CASTANHO, Maria Eugênia. Por uma educação estética na formação universitária de docentes. Educação & Sociedade. [online]. 2008

    Disponível no site: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010173302008000400011&script=sci_arttext
    (acesso em: 30 / 06 / 2009)

    Desgranges, Flávio. A pedagogia do teatro: provocação e dialogismo. São Paulo: Hucitec: Mandacaru, 2006.

    Duarte– Jr. João-Francisco. O sentido dos sentidos: A educação (do) sensível. Campinas, Universidade Estadual de Campinas/ Faculdade de Educação: 2000. Tese de doutorado. Orientação: Prof. Dr. João Francisco Regis de Moraes.

    FREDERICO, Celso. Cotidiano e arte em Lukács. Estudos avançados [online]. 2000..

    (acesso em: 30 / 06 / 2009)

    Monteiro, Paulo Filipe. Os outros da Arte. Universidade Nova de Lisboa, Celta: 1996.

    Zibermam, Regina. Estética da Recepção e História da literatura. São Paulo, Ática: 1989.