sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Atrás da Porta



“Vassoura atrás da Porta ou Quarto Número nada”, me fez rever certas “posturas enraizadas” e minha essência. Venho de uma longa trajetória em busca de um conhecimento interior, nessa trajetória, estudei a mim mesmo, e, principalmente, os outros.

Tive oportunidades de, como ator, explorar várias facetas do ser humano: dor, alegria, tristeza, loucura, solidão, medo, prazer, tortura... Etc. Toda essa gama de sentimentos e mundos, tornaram o que sou hoje: um ser amplo, complexo e em eterna transformação. Sempre acho que nada mais vai abalar minhas estruturas... Nessas horas, tenho raiva de minha ingenuidade.

Quando fui convidado a fazer esse espetáculo, aceitei por ser um texto com grandes sutilizas, mas não imaginaria nunca, o que iria acontecer durante os ensaios. Esse texto mexeu muito com minhas estruturas, pois, deparei-me com o mundo do Teatro do Absurdo (diga-se de passagem, que eu amo), que traz quatro personagens surpreendentes.

A minha personagem permeia entre a loucura e a sanidade; o conformismo e a vontade de viver, e, principalmente, entre a rabugentice, e o humor. Um ser totalmente antagônico. Foi nesse momento que fiquei ciente que minhas “posturas enraizadas” teriam que desfazer-se. Sofri... Entrei em desespero, porque me deparei com uma personagem extremamente complexa e que teria que montá-la em pouco mais de um mês. Tarefa árdua, mas que estou amando de verdade, afinal, o que seria dos atores sem os grandes desafios.

O resultado será julgado pelo público, porém, já fico contente por mais uma vez, o teatro ter bagunçado a minha cabeça e a minha vida. Amo a minha arte e sem ela não sou nada. Uma coisa que tenho certeza, eu, Lucas Bertolucci, estarei atrás da porta, torcendo, aplaudindo, incentivando e mandando energias para um tal personagem que conquistou meu coração... Um acara chamado P1.



Por Lucas Bertolucci (Ator da Companhia.)