terça-feira, 18 de setembro de 2012

Bons ventos sopram...

      2012... Após algum tempo sumidos, estamos voltando as atividades. Em crise, buscando novos diálogos, novos espaços de encenação, tentando não ser sucumbidos pela nossa cidade querida, que menospreza e tenta calar os marginalizados... Que cerceia a liberdade de expressão, que finge ser e acontecer, e faz com que a grande maioria creia nisso, num solfejo doutrinário! Seguiremos, mesmo sem ser ouvidos!
         O investimento agora gira em torno da temática "A Família".  O diálogo sobre a família desdobra dois pontos interessantes: a questão da violência e da manipulação. Acerca disso, já é possível perceber esse jogo violento e manipulatório em "Cipriano" - nossa última montagem. O meio influencia o homem, a pobreza puxa a pobreza e nem sempre o bem vence o mal. João é envolvido e se deixa envolver pelo álcool, pelo fanatismo religioso, através do qual busca uma fuga para a realidade perversa de sua casa. Maria, solfeja a morte, com a vã esperança que a mesma chegue o mais rápido possível e sane suas mágoas. Solange é o retrato irretocável na juventude brasileira: leviana, inconsequente, violentada e por que não dizer, vítima!
Na verdade tanto a violência como a manipulação são comportamentos que facilmente encontramos nas famílias brasileiras. E tantos exemplos são narrados todos os dias nos programas de televisão, nos jornais e em outros meios de comunicação, todavia com o sistema capitalista que furta o tempo do homem a cada dia que segue, este não percebe esses jogos travados no cotidiano. A televisão banalizou tais problemas sociais com os programas sensacionalistas, os quais não causam mais impactos em nós quando assistimos as referidas notícias trágicas. A escola pública já não consegue dar conta de fornecer um amparo educacional e moral, sendo utilizada com "depósito de problemas sociais".
           Mas o teatro tem uma magia peculiar que transforma o que muitas vezes é banal em um grande tema de reflexão. Sinto-me contemplado nas palavras de Mendes (2008), quando diz que o drama contemporâneo continua a oferecer, graças à mágica exata e sutil da representação, um tipo específico de experiência que conjuga ludicamente o êxtase de um ritual e o prazer de compreender. 

É importante ainda salientar que o teatro que se propõe  a encenar tais propostas cumpre sua função social quando traz para discussão problemas sociais atuais, que muitas vezes são velados pelas políticas públicas – que insistem em não olhar para esse social. Os Hedônicos anseiam por coloca à mesa famílias brasileiras, que muitas vezes se encontram em estado de miséria e/ou atingidas por um esfacelamento sócio/cultural, que as obriga a agir com violência. Neste sentido, investiremos em encenações que convidem a uma reflexão geral sobre como as relações familiares brasileiras são construídas, pautadas na manipulação e na anulação de uns por outros.
  

Que a lua inspire nossas noites de trabalho! Breve divulgaremos concretamente as novidades!!!

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